como vou engolir
o pedido de paz hipócrita
de libertários privilegiados egocêntricos
enquanto um deus cruel e admirado 
cospe por entre os dentes podres
toneladas de munição e armas
pra homens miseráveis que acreditam no poder
refletindo à tiros e histeria
a mesma opressão tirana
que oferece uma realidade plastificada, frágil e doentia 
à quem já nasceu na desgraça
como vou acreditar
se tuas palavras tão belas e acadêmicas
embebidas ao descaso gourmet
que silenciam gritos desesperados
ainda fazem chacota dos trejeitos e costumes de quem construiu tudo isso levando nas costas 
enquanto sua industria se apropria até de almas enlamaçadas 
embranquecendo tudo 
envenenando o mundo
colonizando ideias
me encantaria mesmo é ver o teto de mármore 
despedaçando sobre suas cabeças 
tingindo e devolvendo o vermelho
como sangue, como fogo
que alastra e engole as paredes de cimento 
como se a realidade já não fosse absurda 
como se sua soberania cristã já não tivesse estuprado as liberdades e a esperança
como se a única dor que lateja fosse a sua
como se toda transcendência e romantização resolvessem os problemas estruturais 
o véu que enfeita o problema 
é o mesmo que venda meus olhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário