segunda-feira, 16 de julho de 2012

Literatortura

Agridoce, vermelho e cobre. Sou o bisturi enferrujado que cerra impiedoso as vísceras doentias do febrio, que mais tarde agradecerá por aquecer-se neste mar de sangue.

''A sua taça nunca estará vazia...

Sou o homem bomba que irá explodir-lhe a face, a mulher de burca que lhe arrancará o coração com as unhas, que se escondem ligeiras por debaixo da veste.

pois eu serei o teu vinho.''

Enquanto o desconhecido e a penumbra te assombram eu permito desconhecer-me, pois só então, me tornarei tão hábil quanto o meu medo.

Poucos amigos, grandes negócios.

Batem-se as portas de madeira, dançam os cupins afoitos e a casa gelada estremece. Batem-se as janelas que soam frio.

Quebram-se os ovos desnudos, que se chocam contra o chão como se não houvesse um amanhã, de encontro à uma falsa esperança que se acha agora nua e crua espatifada, meio a estes pisos envelhecidos e cansados.

As cores... Até mesmo as cores se perderam a esmo junto a este tom de amargura sólida, rocha e basalto. As damas desceram do salto e só nos restou as cinzas, nem mesmo os cinzeiros.

O meu chapéu acumula poeira como um urso de pelúcia da loja de hum e noventa e nove que se esquece solitário em cima do guarda-roupas, assobiando uma triste canção que Belchior me cantara em melhores tempos.

A vida nunca foi tão mágica, e triste portanto.

De tantas vezes que me perdi, concluo que perdida sempre estive, difícil é contar as vezes em que me achei.

Se no final houver alguém aguardando sua chegada, mande-me cartas e conte-me como é não estar sozinho.

domingo, 15 de julho de 2012

Não há vagas

Vagueie cego e sem coração como uma estátua ambulante. Você erra ao não olhar para os dois lados. Não ultrapasse a faixa. Novamente você erra e prossegue a seguir o mandato, o imposto à lhe condenar. Exaustivo é opor-se ao dilema, a multidão logo se rende. É prazeroso assistir, doloroso viver.. E as tremedeiras contínuas, só para constar que ainda é quente a pele que habito.

Sintonize o rádio em chiados, pois as estações muito que dizem mas não sabem do que estão há falar. E a desespero mútuo abrem-se as bocas, fecham-se os olhos famintos que perseguem o andar descalço de alguém. E novamente a fome não vem do estômago. 

Demorou demais a acordar, submerso à indignação pois-se a encontrar. E ao abrir os olhos então o amanhã  o engolirá, pois se cansar daqui é se perder para outro lugar.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Post Mortem

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As horas te convidam a desistir, mas o sorriso de uma criança te faz pensar duas vezes. Se isso acontece, é porque ainda há um motivo que prevaleça a cada nascer do sol.

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Eis o dia em que a bagunça acomodou-se dentro da caixa.
Mas ainda não estou sossegada,
pois as coisas se encaixam melhor do avesso.