terça-feira, 24 de abril de 2012

Valsa da Meia Noite

Nos sonhos os teus olhos têm o poder de me paralisar,
ah como eu queria estes belos olhos chorando em meu ombro.
Você poderia gotejar suas lágrimas mais sinceras a noite toda
que eu nunca iria reclamar.
Você deveria me sequestrar, eu já disse.
Deveria me dizer que nem tudo é tão difícil o quanto parece,
e que a distância entre sua casa e a minha já não existe mais.
Eu quero que você seja minhas pernas macias,
o meu lençol com cheiro de amaciante,
o portor da minha agonia.
Quero ver você colocar fogo no nosso circo,
tomar conta de nossos filhos...
Você mora no desespero do meu bloco de anotações,
e toda noite ele grita bem alto,
que me ama e nunca vai me deixar.
De tom baixinho eu respondo
que faço de suas palavras as minhas,
e que nunca vou me entendiar.
Nem entender...
ou me cansar de amar.



domingo, 22 de abril de 2012

Chchchchchaos cochichado

O vermelho colore as vísceras alheias - Ah como eu desejaria estas cores fadigadas de amor!

As guelras dos indivíduos respirando o individualismo, sugando o bom-feitio.
As guerras, a lobotomia.

Quando eu gosto de sangue a multidão me estranha.

Os olhares jogados por cima dos ombros serram as pernas, 
que caminham cansadas as ruas do centro de São Paulo.

O esgoto.
O desgosto.
A diarreia mental.

Os ternos e gravatas, os engraxates, os engraçadinhos.
Crianças moribundas,
o nariz escorre.

Estamos fora de órbita, estamos fora do ninho.

sábado, 21 de abril de 2012

Sistema anti-respiratório

Soluçar,
engasgue com o próprio ar,
faça o tórax dançar.

As crianças sabem perceber o mundo.

Os R.G.'s comprovam a subexistência das pessoas de papel.
Contratos, contatos, desamores.

E os latidos dos cachorros são usados de trilha sonora na vida real.

Congregação & Congresso
Doce ilusão por Estado Laico
Manipulação da Ordem e Progresso.

Na praça da Sé os acordeões reclamam canções na respiração de alguém.

E o que é normal?
- Denominação correspondente ao equilíbrio do bem e o mal.

Versos em aversões, enquanto você assiste sua televisão, que é no mínimo demoníaca para propagar todas essas propagandas.

O consumo diz respeito ao narcisismo,
desrespeito,
desumano,
demasiado.

Os gaviões são vaidosos.




O efeito colateral do dia é acordar de voz áspera quando fora dormir ainda tendo-a macia.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Nightmares and Dreamscapes

A valsa já esta tocando e as fotos mais violentas do jornal já puseram-se à dançar.


Os tensores pra articulação de nada mais servem, os cigarros também não, o álcool também não, o choro também não. Eu tentei.

Foi em vão.


Os corvos gostam de me visitar em sonhos, sempre bem vestidos.
Aves de rapina, se admiram no espelho
de olhos famintos e sorriso enrustido.
Eu não entendo a causa
não dancei a valsa
e nem dormi.

Na verdade eu não estive
eu não vi,
não vivi.

Um círculo de fogo se forma brigando com o círculo amoroso naquela casa,
os círculos se foram e agora só resta um cubículo que não para de reclamar.
Os corvos estão de coleira e perderam suas asas,
e as aves de rapina já não querem mais voar.

Eu descobri um novo remédio na minha gaveta,
na rua de baixo, novos sorrisos imundos.
Velhas novidades de um bairro no submundo à nos degradar.

O transporte público transporta a escória da sociedade.
E a desculpa dos mais velhos
para não irem à luta
é dizer que não tem mais idade.

domingo, 15 de abril de 2012

Desidratação

Quando acordar se torna difícil
a tormenta se torna um vício.

Romper os ligamentos pode não ser dor física.

Ambivalência falada,
o barulho dos trilhos me convida a dançar.
Poesia cantada,
movimentos famintos
me recuso evitar.

O coração esmurra o peito
para que sua falta prevaleça.
Mas no fim das contas,
a dor é coisa da nossa cabeça.

Flores de outrora

As mãos ainda continuam tão frias quanto um corredor de hospital
...e as lágrimas, enfermas, pingando como os prédios do centro.

Talvez, em estado terminal,
primeiro termine-se por dentro.
E sua voz, deu-se por rouca,
ainda dizem tão pouco suas palavras.
Encontre-se em uma sala de estar branca,
onde as paredes gritam mais que as vozes d'alma.

Você é flor que nasceu em rocha,
medicina experimental e mortes compostas.




quarta-feira, 11 de abril de 2012

Assombra

O problema começa quando a sombra não mais reflete o corpo, e sim o subconsciente. Ela ainda diz coisas que quero ouvir - mas que não posso acreditar.

Pois-se ao meu lado,
me imitou, foi sentar.
E após ter sussurrado,
me surrou com um olhar.

E minhas mãos - de bons atos - desatadas hão de estar.



Sou eu, meu próprio medo.

Undressing my words


Hey you, dear soulmate,
no matter whatever have I  made
(I still here, blaming myself)
Remembering your eyes
meanwhile mine,
had tears... and cry.
How can I live now
knowing that you left me?
And now is too late
to claim about the time
that I've lost sleeping
by your side, in that bed.
While you held me on behind my back.

Democracity

Insulte com elogio,
sutileza na sinceridade.
Massageie o ego,
vanglorie a vaidade.

Viver por status,
falsos cognatos a nos rodear.

Eau de toilette?
- É só pra agradar.
Consumismo irá nos consumir,
nos vender, pra poder comprar.


Caminho

Os calos falam por si só, 
e só se calam calejados.

Infame inconveniente - você sorri, e eu mostro os dentes.

Inflame. Invente...
um bom motivo e sorrisos mais sinceros,
para que possamos seguir em frente.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Kitchen's Song

Dançando na cozinha,
cozinhando o estômago.
O esôfago assoviou,
e a noite não dormida
o relógio indagou:
- É hora de acordar, são oito horas e trinta minutos.

Os pássaros voam em suas lindas canções matutinas,
e o sol, ainda não.
As nuvens por sua vez, pintam no céu o rosto de uma menina,
enquanto as folhas d'outono pintam o chão.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Autumn


Vão-se as estações, e as estrelas, nem sempre estão lá
as vezes o que vemos é só um rastro.
De porta em porta, auto-retrato,
me despedir, despir o partir
abraços de adeus não irão me agradar.

As linhas vazias de meu caderno de anotações desesperadas 
combinam com as paredes cansadas deste recinto.
Calças rasgadas na moda, 
camisetas com manchas de vinho tinto.

Eu procuro o início das histórias,
mas só estórias têm início.

Eu me deitei em pé,
minhas mãos estão calejadas
dessa vida de marcha ré
não quero saber de mais nada.

Cutuquem as feridas
ferir não é machucar.
Amar dói minha querida, 
deixe a ferida sangrar.

Estancar o ardor.
Partiu o calor e o outono pois-se em seu lugar.

Refaça, 
seu sumir me desfaz.
Disfarça,
falei coisa demais.