segunda-feira, 25 de novembro de 2013


À quem contorna minha loucura:
que patrocine minha sanidade 
e as contas no fim do mês.


A mulher bomba que sobreviveu a si mesma;
sou o berço do meu desespero.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Procura-se

um jardim bem semeado
onde eu possa roubar flores
ou cortar o mal pela raiz.
Quero me livrar
desse amor meia furada
- não me serve mais pra nada
mas me bota pra dormir.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

segunda-feira, 19 de agosto de 2013


  Os namorados de si mesmos
  na noite suja,
  cantavam a fúnebre canção
  sobre bruxas e mulheres raivosas.

  Bebiam cerveja como mulher raivosa.

  Poesia de banheiro desesperado
  - devaneio matutino
  embriaguez mental em ação
  mas daquelas que te salva do mundo.

  Homo Sapiens de massinha de modelar ambulante
  vendeu a alma prum diabo qualquer
  a troco de Plazil.

  Tens atitudes de mulher raivosa!

  Carlos estava certo,
  sempre estivera.
  Carlos estava certo por demais,
  e isso me aborrece.

  Flor de cemitério
  enxaqueca
  - os sonhos jogados dentro da mochila.

  Já não se tem valores
  meio a estes preços de hoje em dia.
  Aprecie
  como se não houvesse um amanhã
  - que o amanhã não há
  já se desfez a muito.

  São tempos de medicina experimental e retrocessos.

  Enquanto você
  sendo mais d'eu mesma
  se espalha por aí
  e adoece a cidade por mim.
  Conhecimento;
  passagem só de ida para a insanidade.

  Buraco negro
  interrompe minha jugular agora
  e sem poder prestar queixas
  me suicido de estação à estação
  de vagão em vagão
  só pra nausear os olhos famintos
  de qualquer ninguém.


  Chegou onde queria. - E agora?

 Era tamanha a violência
 que já se podia senti-la com amor
 profunda, enraizada e terna
                                        [ ou vice-versa
  pois são uma
  e sós, se d'existem
  se caso cada uma sem a qual.




  Esquecer
  eis que o ser
  do nada,
  o nada.

  Me enfia inteira, nua
  numa caçamba de escombros
  de antigas moradias assombradas
  por moralismo e móveis velhos
  pra ver se perdida do inteiro
  me encontro em meu próprio destroço

  enquanto a vida saudável 
  estupra meus sonhos de liberdad indígena
  com um pouco de libertinagem e drogas



  drogas e sexo.
  
  

  Livro de auto-ajuda para poetas?
  consideraria crime em grau 26
  roeria as unhas
  para que com elas não pudesse rasgar a alma
  por entre o ventre
  a carne entreaberta
  a virilha viril, o seio mordido
  minha vida de poeta se esvai
  vil e aveludada
  no centro da cidade amargurada dos meus sonhos
  - ninguém podia ouvir a minha dor.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Não está

O ser só é puro enquanto intocada a embriaguez mental. Então a demência e o descaso o obrigam a se encher, e pior além, se encher de vazio. 
Era uma vez o tal, o ele, o eu - não importa - (nada mais que uma vez a menos).  Pontilhado na paisagem, quase nu ao cinza. Jaz em si mesmo, pois se evita a indagar a própria existência. 
Território Caos, cobertura de chocolate por favor - já que não tem de heroína.
No espelho brilha a borda da mente doentia, quase transbordando dos olhos emagrecidos. E a roupa de nascença precisa pegar um solzinho, falta a cor que o diabo gosta. Anemia na alma e afazia estomacal não eram os planos pra este final de semana no inferno.
Segregador de sonhos, observava muito bem a desgraça e a língua das flores. 
Enquanto isso, a cidade morria na boca de um usuário de crack qualquer, e renascia na manhã seguinte, se as prostitutas adentrassem suas casas sem serem espancadas. 

- Ninguém pode ouvir a minha dor.

A cor do caminho é sempre desespero. Corre um rato mirrado debaixo dos meus gravetos dobrados no meio fio que eu me esqueci, corre como se não houvesse um amanhã. Putas e raparigas doloridas nos meus devaneios vespertinos, as vezes menos vazias que eu, as vezes menos cheias que eu, mas tão eu enquanto putas e raparigas. 

Café da manhã, café do almoço, café da tarde, café da janta. Caféres, cafézes.

Manicômio aveludado, se as paredes não fossem tão esbranquiçadas e pálidas a minha anarquia não seria tão enferma.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Trágico Poeta

As certezas só compõem morada no museu do passado, onde as verdades rasgam os olhos, latentes e impiedosas. Vizinhas das lembranças enfermas de si mesmas. Assobio matutino dos corvos, na janela dos meus olhos, para acordar a alma encharcada. Poesias seriam o retrato-falado das minhas canções anti-patriotismo - se a letra não fosse tão nociva. Cerimônias matrimoniais cheirariam à pólvora e a Praça da Sé seria palco para os amores bandidos/terroristas do terceiro mundo. Bomba atômica de açaí e atentado pacífico, para os moradores de rua te amarem da cabeça aos pés. Eu sou do tamanho do teu medo, tudo o que lhe aflige me motiva a viver. O reflexo do que finge odiar mas sonha ser. Ninguém medita de barriga cheia e coração vazio. As manhãs deslizam quando as crateras do coração se acalmam para abrir caminho ao vulcão d'alma. Cada homem se suicida um pouquinho por dia. Imposto para sobreviver, taxa para respirar, não atravesse a rua, fila para fazer fila. Tudo friamente calculado, para você não ter tempo de criar teus filhos. A morte muito cotidiana, fazendo nos espantar com a vida! Há uma dobra nas atitudes mundanas. Céu azul-cansado, cinzeiro-cidade e nuvens com cor de quem quer ir embora para sempre - são exemplos do que compõe a paisagem do Trágico Poeta.

Sou indígena de mim mesma.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Cadáver fresco à sangue seco, sirva-se à vontade. Meu saco de ossos dança a valsa fúnebre enquanto as manhãs de verão fazem doer a vida. Abraços de outono, amores de inverno. No meu crânio o inferno, e você vem vestido de paz fadigada. Eu me deitei no leito dos seus braços pra suas mãos cheias de câncer mentirem em meus ouvidos. Cada segundo a mais era um segundo a menos. Pro fundo dos seus olhos giratórios havia um mundo mais lindo. A dor sorri sincera nos corredores das veias laterais do seu pescoço aveludado e meu pijama sofre sem você.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Retiro apático social

Não sentia os pés, não havia chão. O vento que lhe sopra o rosto é o mesmo vento que me surra. A pessoa de papel que em vão vinha à minha procura agora desaba, e eu me deliciava dando risada. Achados e perdidos no metrô República, terrorismo conta-gota e eu assustava mais sem a burca. Talvez mais tarde, ensandecida pela vida e sóbria de loucura, eu me encontrasse em você. Nada fazia sentido na Avenida Paulista (e em lugar nenhum), porque os mendigos estavam bem trajados e até falavam inglês. E tudo sem beleza mais uma vez. Barra, afunda os meus olhos dentro da sua solidão, me dá uma razão pra continuar vivendo. Mesmo quando não quero eu me lembro, e quando me lembro eu também já não queria há tempos. Tempo - espaço físico de duração ou separação de mutáveis e sujeitas alterações. Sujeito oculto no universo, embriaguez mental e retrocessos.