Ouvidos estão apitando
a luz piscou duas vezes
Semana passada sonhei
era o trabalho 
era uma luta rasteira 
um chapéu caiu no chão 
e foi tudo que sobrou
O véu dela me embriaga
ou abre meus olhos de vez?
Não dá pra dizer, a vista está turva
estou bem perdida da cabeça 
sozinha, a luz acabou
eu já disse isso?
mas você está segura no seu quarto
não tem problema
Também posso ser perigosa 
estou profundamente magoada
confusa
Jamais te perdoarei
não sou piedosa
não sei como fazê-lo
queria ir embora daqui
me tirem daqui agora mesmo
de perto da lembrança 
Senti muito asco desde então 
o vento cantava "cuidado" no pé do ouvido
A mão que segurava o véu 
balançou no meu cabelo embaraçado 
se eu fosse presa
escreveria de novo sobre trabalho
e como funcionam os objetos de poder
Mas não será tão fácil assim
não podemos falar tanto sobre essas coisas
vão nos interromper antes
intra romper visceral
Estamos presas de qualquer forma 
na falsa esperança de que algo mudou 
na falsa sensação de liberdade
Tô debruçada no abismo
a ponta da sua falácia
se ficar, eu morro
se partir também
é esperança
ou ingenuidade?
Como vou recompor 
ou dar de presente
se está tudo aos pedaços?
Desespero sólido e
o olhar, o olhar que te fuzila
Não aguento mais nenhum pretexto
não cabe a nós calar a boca
Estou cansada
e também sinto ódio
Injustiçada, mas não vulnerável
queria te banir de toda a existência
acabar com a dor que espalha 
deveria você morrer de seu próprio veneno
Sei brincar bem com fogo
e te deixar com as consequências
Vou te amaldiçoar de volta
nem que seja a última coisa 
que eu faça nessa vida cruel 
quarta-feira, 4 de julho de 2018
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