quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

É tudo muito desesperador mesmo
O hoje, o agora
Todo o resto é só uma memória
Uma memória do futuro
Uma memória do passado
É difícil mesmo não se culpar
Tentar sobreviver, se equilibrar
Meio a tempos onde tudo que sobrou
Esta completamente polarizado
Entre o ego e o ódio
É tudo muito desesperador mesmo
Sentir que está no lugar errado
E ter que pagar tratamentos
E ter que pagar por tudo
Porque as pessoas
Fazem merda demais
E isso é difícil de lidar
As palavras vêm, arremessadas
Como estacas banhadas em veneno
Não dá pra sobreviver à todas
Mas a persistência faz parte da rebeldia
E o desgaste faz parte do tratamento
Mais um dia desesperador
Uma hora você acostuma, dizem
É uma pena mesmo
Já me cansei de ouvir isso
Hoje em dia acordo, e
A primeira coisa que faço
É despertar meus demônios
Antes que eles acordem irritados
Dou bom dia pra eles
Molho o meu rosto
Pego um copo americano
Dois dedos de café,
Um cigarro, o esqueiro amarelado
Trago todo os meus sonhos
Trago todos os meus desesperos
Solto junto à fumaça
Tudo aquilo que preciso deixar ir embora
Solto junto à fumaça
Tudo aquilo que me engasga
Mas não posso dizer em voz alta
Assusto demais as pessoas
E de qualquer maneira
A morte é para todos
Assim como as verdades
E eu só tenho mesmo
Nesse efêmero momento
Eu, agora.

Eu não me importo
Das pessoas olhando
De qualquer forma
Elas não me enxergam mesmo.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Não adianta nada
Que leia minhas palavras
Que sinta meus lábios
Se ainda assim
Me decepa de teus ouvidos
Marejando meus olhos
Dizendo outra vez
Que me ama
Dizendo outra vez
Que estou louca
Enquanto caio em pedaços
Mas você não se importa com detalhes
E mesmo assim repete
Que me entende
E que dói demais ler tudo isso
Que sou afiada
Que sou dolorida
Se toda vez que você volta
Abre em carne viva
A minha ferida
E vou aos poucos
Morrendo por dentro
Na angústia sem som
Na visão sem cor
E já não sinto mais nada.

Então dessa vez eu te peço
Eu te imploro
Somente uma coisa
Me deixe dormir em paz
Se não puderes me ouvir
Não interrompa minha voz
Não diminua minha existência
E então à você
Não mais permitirei as palavras
Que nunca foram entendidas
Elas nunca são vazias
E se eu parecer um disco riscado
É porque estou quebrada
É porque não é só problema meu
Preciso de descanso
A poeira do meu som
Me ruiu, me estragou
Que de tanto repetir a canção
Já não significa mais nada pra ninguém
Tire o disco, jogue fora
Faça o que quiser
Mas não desfaça minha voz
Não me diga que a valsa
Será diferente essa vez
Porque não será
Não tente acompanhar a letra
Se você não sentir
Apenas vá embora
Pois quão mais repito o toque
Para te fazer entender
Mais me desfaço
Daquilo que sou
Preciso ir de volta
A mim mesma
Preciso aprender
Uma nova canção.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Todo dia eu não aguento mais
Todo dia eu quero desistir
Todo dia eu sou uma filha da puta
Eu sou uma grande filha da puta
Não porque minha mãe tem a ver com isso
Mas porque eu sei que posso me mover mais
E não vou, porque estou inflamada
E não vou, porque tacaria fogo
E me arrependo
Porque queria mesmo incendiar
Porque queria mesmo surtir efeito
Mesmo que negativo
Foda-se
Pelo menos ainda prestaria pra alguma coisa
Mas eu sou uma grande filha da puta mesmo
Eu me jogo na minha cama
Eu reclamo de tudo
Eu não aguento as pessoas
E estou cansada
Me cobro por isso
E fico cada vez pior
Cobrança, desespero
Cobrança, desespero
Nada mudou
Reclamo demais
E estou cansada demais
Que deveria morrer dormindo
Mas eu sou uma grande filha da puta
Talvez se eu me movesse mais
Eu fosse digna do fato
Eu não quero mais nada
Eu só quero ir embora

Mas aí eles disseram que eu não mereço.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Egoísmo

Ninguém me salvou
Eu tive que fazer sozinha
E agora
Não posso me salvar
Do que me tornei

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Me desculpe
Desde agora e para sempre
E demonstre
Enquanto ainda estou aqui
Me beije, me abrace
Faça o que for preciso
Não se arrependa
É uma escolha particular
Não espero que entenda
Porque ninguém o fará
Mas me deixe ir em paz
E quando eu der as costas
Esse será o último passo

A esperança não é a última a morrer
Mas o descaso é o primeiro a matar

domingo, 3 de dezembro de 2017