Inquietante passagem do silêncio 
Eu não quero viver
Eu não quero morrer 
Meus braços estão pensos
A retina esbranquiçada 
Os efeitos colaterais da insônia
Silêncio ensurdecedor
Taquicardia e silêncio 
Os passos lentos 
Passado, o tempo
Te levando pro abismo mais próximo
Pro abismo mais próximo
Da solidão 
Inquietante solidão 
Eu não quero viver
Tampouco morrer na insignificância da própria existência 
Tampouco existir na orla do umbigo do mundo
O silêncio devastador
Perco as palavras dentro de mim
Estou na beira do mundo
A cabeça grita feito louca
O silêncio é infernal
E nada será ouvido
Tampouco interpretado
Eu não quero viver
Eu não quero morrer
Não inquieta
Não no silêncio de mim mesma
Não quero dormir no barulho da minha cabeça
Não quero me perder no meu silêncio mais um ano
Não quero matar em mim tudo o que eu amo
A boca se morde inteira
Os olhos pingam demais
Inunda toda a casa
O teto sempre está pegando fogo
É tudo muito confuso
E quando eu não me afundo
Eu estou em chamas
Eu não quero morrer
Mas quem quer viver assim
As palavras se tingem de mercúrio 
Minha alma espatifada em pedaços 
Molduras discretas pra não ofuscar a imagem 
Exposta está a dor
A ferida entreaberta
Silêncio inquietante cutuca a carne fresca
Arranca todo o sangue morto
As vísceras latejantes estão gritando 
Piedade piedade!
Mas aqui ninguém é piedoso
Aqui ninguém é inocente
Tampouco eu sou piedosa
Não há tempo pra se perder em piedades
Meus amigos me chamariam de louca
Meus familiares me tratariam como uma doente
A sociedade me excomungou de seu seio
E eu mamei nas tetas da desgraça
Se essas paredes não fossem tão brancas
Se o manicômio pálido não se importasse só com remédios
Se as coisas fossem mais orgânicas, naturalmente orgânicas
Se a propaganda não fosse tão demoníaca
Minha anarquia não seria tão enferma
Eu não quero morrer
Só que a morte é a única certeza
Eu não carrego suas mentiras nas costas
Tampouco suas verdades
A única verdade que sei
É que sobreviver é o caminho mais longo e doloroso para a morte
E a morte é a única certeza
Todo dia o ódio enlatado faz mais um refém na cidade
Só pra quem tá vulnerável que tem bala perdida
Isso não era pra ser um poema suicida
Mas esse silêncio me matou por dentro.
terça-feira, 11 de abril de 2017
domingo, 2 de abril de 2017
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