quarta-feira, 12 de junho de 2013

O Trágico Poeta

As certezas só compõem morada no museu do passado, onde as verdades rasgam os olhos, latentes e impiedosas. Vizinhas das lembranças enfermas de si mesmas. Assobio matutino dos corvos, na janela dos meus olhos, para acordar a alma encharcada. Poesias seriam o retrato-falado das minhas canções anti-patriotismo - se a letra não fosse tão nociva. Cerimônias matrimoniais cheirariam à pólvora e a Praça da Sé seria palco para os amores bandidos/terroristas do terceiro mundo. Bomba atômica de açaí e atentado pacífico, para os moradores de rua te amarem da cabeça aos pés. Eu sou do tamanho do teu medo, tudo o que lhe aflige me motiva a viver. O reflexo do que finge odiar mas sonha ser. Ninguém medita de barriga cheia e coração vazio. As manhãs deslizam quando as crateras do coração se acalmam para abrir caminho ao vulcão d'alma. Cada homem se suicida um pouquinho por dia. Imposto para sobreviver, taxa para respirar, não atravesse a rua, fila para fazer fila. Tudo friamente calculado, para você não ter tempo de criar teus filhos. A morte muito cotidiana, fazendo nos espantar com a vida! Há uma dobra nas atitudes mundanas. Céu azul-cansado, cinzeiro-cidade e nuvens com cor de quem quer ir embora para sempre - são exemplos do que compõe a paisagem do Trágico Poeta.

Sou indígena de mim mesma.